BLOGUEIRO SAUDITA RECEBE 50 CHIBATADA EM PRAÇA

Blogueiro saudita recebe 50 chibatadas em praça pública

Punição faz parte de uma sentença de mil chibatadas e 10 anos de prisão por criticar poderosos clérigos no país; ativistas denunciam agressão à liberdade de expressão

Arquivo Pessoal

O blogueiro saudita Raif Badawi foi condenado a mil chibatadas por criticar clérigos 

DUBAI - Um blogueiro saudita condenado por insultar o Islã recebeu 50 chibatadas diante de centenas de pessoas em uma praça pública da cidade portuária de Jiddah. A punição foi apenas a primeira parte de uma sentença de mil chibatadas contra o homem e foi aplicada ontem depois das tradicionais orações muçulmanas de sexta-feira. 

 

Testemunhas relataram que Raif Badawi estava com as mãos e os pés amarrados durante o açoitamento e sua face, descoberta. Uma testemunha contou à agênciaAssociated Press que ele permaneceu em silêncio, 

 

A sentença contra Badawi foi anunciada em maio e prevê também 10 anos de prisão. A acusação contra ele é de ter criticado os poderosos clérigos da Arábia Saudita em seu blog, que foi tirado do ar. Ele também foi condenado a pagar uma multa de cerca de US$ 266,6 mil. 

 

Ativistas de direitos humanos dizem que autoridades sauditas estão usando o caso de Badawi como um alerta para outros críticos do poderoso establishment religioso da monarquia, a partir do qual a família, no poder, em parte, garante sua autoridade.   

 

O escritório da Anistia Internacional em Londres disse que Badawi deve receber 50 chibatadas uma vez por semana, por 20 semanas. Os Estados Unidos, aliados de Riad, pediram às autoridades locais que cancelem a pena. 

 

Apesar dos apelos internacionais pela soltura do blogueiro, Badawi, que tem três filhos, foi levado de ônibus até a praça e punido por cerca de 15 minutos próximo de uma mesquita. 

 

Ele está preso desde meados de 2012, logo depois de fundar o blog Free Saudi Liberals. Nele, Badawi crititou a influência, na monarquia, de clérigos que seguem uma interpretação rígida e ultraconservadora do Islã, conhecida como Wahabista e teve origem na Arábia Saudita. 

 

Originalmente, ele foi sentenciado em 2013 a 7 anos de prisão e 600 chibatadas, mas depois apelar, um juiz endureceu sua pena. Após sua prisão, sua mulher e seus três filhos deixaram o país para viver no Canadá. 

 

Grupos de defesa dos direitos humanos argumentam que o caso contra Badawi é parte de uma ampla campanha contra a liberdade de expressão na Arábia Saudita, que teve início em meio aos protestos da Primavera Árabe em 2011. A crítica aos clérigos é vista como uma "linha vermelha" em razão do prestígio deles na monarquia, assim como seu influente papel em apoio às políticas do governo. / ASSOCIATED PRESS 

Fonte: internacional.estado.com.br